quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Nada de estresse

Lézio Júnior -
Editoria de Arte


Festas de final de ano, férias dos filhos, balanço profissional e início de projetos são, sem dúvida, causas de estresse. Tenha calma, o final do ano não chegou para desanimar, é hora de agradecer o ano que termina.






Nada de estresse
 Francine Moreno

Agora é para valer. O final do ano chegou. O calendário não mente. Além de um balanço do desempenho físico e psicológico e de metas alcançadas, os familiares já esperam algum tipo de confraternização. É também a temporada de presentes e viagens. Gastos e mais gastos. Um verdadeiro teste de resistência emocional e física. Mas para que os eventos atinjam os seus objetivos e os familiares sintam-se satisfeitos é importante ter jeito e não deixar que os gastos financeiros e excesso de tarefas estraguem seu final de ano. Não se torne uma quase bula dos efeitos colaterais do estresse e da ansiedade, que além de dores musculares, nas articulações e na cabeça, causam úlceras e gastrites, complicações neurológicas e em casos extremos, infarto ou derrame. Tudo decorrente da pressão gerada pela maratona de preocupações.

“O estresse é a causa de grande parte das doenças, já que é um processo que parte de um conflito emocional e na medida em que não encontra possibilidade de elaboração por meio do pensamento (psicoterapias), acaba por se instalar no físico, como doença orgânica”, afirma o professor e psicoterapeuta Renato Dias Martino.

O estresse, conjunto de sinais apresentados no nível psicológico e posteriormente físico, apontando um esgotamento de energia, é resultado de uma série de atividades mentais nocivas, basicamente um funcionamento mental onde a energia é voltada contra si mesmo, resultando assim numa espécie de represamento.

“O exercício da reflexão, ou seja, do pensamento, é a única forma do escoamento que o fluir da energia mental necessita. Contudo, ultimamente a prática do exercício do aparelho de pensar está em desuso e isso acarreta saturação dos órgãos dos sentidos”, complementa Prof. Martino.

Certos tempos de crise, alguns níveis de ansiedade, assim como o estresse saudável são necessários para a produção de idéias, trabalhos, projetos. Esses sintomas só passam a ser considerados exagerados quando atingem a falta de controle, levando o indivíduo a uma quebra significativa de estabilidade emocional e física. Ansiedade excessiva gera medos excessivos, crenças distorcidas, batimento cardíaco acelerado, desconforto emocional e físico, leva a pessoa a tomar as decisões mais inadequadas seguidas de arrependimento e frustrações. “Se pensarmos que isso já é um grau de estresse palpável, podemos dizer que a ansiedade é irmã do estresse”, afirma a psicóloga Renata Montenegro, especialista em estresse pelo Centro Psicológico de Controle do Stress.Mudar hábitos de pensar e agir que sejam disfuncionais, acorrentados a crenças improdutivas e humanamente impossíveis de serem concretizadas é uma oportunidade de crescimento interior, com isso, ganho na qualidade de vida e um final de ano mais prazeroso. “O crescimento interior é algo contínuo, que inclui mudanças recorrentes, empatia, pensamentos racionais, afeto aplicado e, principalmente, conhecimento e manuseamento emocional equilibrado”, afirma Renata Montenegro.

Prof. Renato Dias Martino acrescenta que a capacidade de pensar faz toda a diferença. Quando essa capacidade fica comprometida todo funcionamento, seja psicológico, biológico ou social, se vê comprometido. Quando o pensar não proporciona um funcionamento eficaz na elaboração dos conflitos emocionais, o indivíduo é impelido à ação. Professor Renato Dias Martino coloca que : “No entanto, não é possível agir o tempo todo e então surge a ansiedade do estresse. Até por que, nem mesmo é prudente esse tipo de comportamento, a não ser no caso da ação que tivera a chance de ser pensada.”

Para evitar problemas maiores, Renata Montenegro adota uma tática simples: o estresse tem cura se for tratado por profissionais competentes e sérios, que sabem exatamente como retirar esse estresse excessivo especificamente. “Assim sua qualidade de vida é restabelecida, bem como a ausência dos sintomas físicos.” Educação social pode afetar qualidade de vida. Um estudo realizado pela Isma-BR (International Stress Management Association) em 2006 com 678 pessoas, com idades entre 25 e 55 anos, economicamente ativas, resultou em 60% dos entrevistados afirmando serem estressados pelo excesso de tarefas no trabalho. A pesquisa também apontou que 25% dos entrevistados acreditam que os gastos adicionais com presentes e festas aumentam seu nível de estresse. “A cada ano, há uma forte tendência em adiantarmos o final do ano. Logo no início do segundo semestre, já percebemos nas lojas uma pressão de consumo para as festas. O poder aquisitivo aumentou, as pessoas compram mais e se endividam mais”, afirma a presidente do Isma-BR, Ana Maria Rossi. Neste mote, Ivan C. Z. Maraschin, diretor do Centro Natural para o Alívio da Dor e Estresse Crônico, afirma que muitas pessoas, por condição genética ou formação familiar e educacional sabem lidar muito mal com os golpes e mudanças que a vida possa oferecer. Pessoas sem tempo para si mesmas, para se divertir, curtir os amigos, meditar, brincar com seus filhos, representam o resultado de uma sociedade em decadência em termos de valores humanos. “É a sociedade inteira que precisa ser curada, e não somente indivíduos que carregam o fardo de um sistema social altamente estressante, baseado na competição, classe social e no sucesso.” Para o especialista, se as bases em que foram construídas a nossa sociedade estão erradas, a possibilidade de termos indivíduos sadios decaiu muito, como é a visão do psiquiatra espanhol Vicente Garrido, que aborda a psicopatização de toda nossa sociedade mundial, que perdeu os valores humanos essenciais e produz cada vez mais indivíduos frios, calculistas e competitivos. “Acredito que o ser humano é essencialmente bom, o problema do estresse está exatamente na maneira de como os indivíduos desta sociedade estão sendo educados. Infelizmente, não é de uma forma humanitária.”
 
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/

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