terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Da Relação Triangular no ensino


Da Relação Triangular no ensino
Docente, discente e instituição

Alguns anos no exercício da docência no ambiente universitário me indicaram a necessidade de refletir sobre as funções desempenhadas pelos sujeitos envolvidos nas articulações do processo de aprendizado que deve ocorrer nesse espaço. 
Dentro da vivencia no contexto desse lugar educativo é possível perceber que essas funções são amiúde confundidas e descaracterizadas, reafirmando assim, a necessidade de constante reflexão. 
Logo de inicio é importante perceber que o maior fator dentre os elementos que tendem a descaracterizar essas funções é sem dúvida, o possível objetivo que move e conduz a experiência.
No entanto, a reflexão proposta nesse ensaio deve ter como pressuposto o fato de que isso que chamamos de ensino é algo que se encontra na ordem do imaginário e sendo assim, não pode existir na realidade, se não encontrar alguém disposto a aprender. O fato básico nessa cogitação é o de que, está justamente no desejo de aprender o que fará do ensinar uma realização. De outra forma não poderá sair do nível da imaginação. 
Com isso podemos levantar certa hipótese de que o desejo de aprender deve ser fator fundamental para a prosperidade dessa ordem de experiência, sendo muito pouco provável obter-se algum resultado positivo de qualquer método que se proponha a ensinar aquele que não deseja aprender.
Por tanto, a proposta desse ensaio é a de refletir sobre as funções que podem ser desempenhadas dentro da experiência do aprendizado. Funções que se transformam conforme grau da maturidade emocional dos sujeitos envolvidos e assim, do grau de desenvolvimento do funcionamento que se estabelece. As prováveis funções, pelo menos de inicio, se dispõem em três posições básicas: o discente, o docente, e ainda, no caso do ensino público, a instituição que deve acolher os dois anteriores.
A saber, função de discente está qualificada para o aluno que se dispõe a aprender. Essa é a função da qual foi referido como agente do desejo pelo aprender, elemento essencial e assim, imprescindível para a que a experiência do aprendizado desenvolva. 
A função do docente, caracterizado pelo educador que se dispõe ensinar, ou ainda, de forma mais realista, aquele que se coloca a disposição de auxiliar na experiência do aprendizado - que é desejo do discente. 
Em terceiro lugar, a instituição de ensino que se propõe organizar, regularizar e sistematizar a experiência do aprendizado. A entidade, que guarda a função de manter e oferece infra-estrutura para o exercício do aprendizado e deve receber assim, uma remuneração (do governo ou mesmo privada) para a realização desse papel.

A instituição de ensino deve, ainda, cobrar do corpo discente, dentro de certos critérios, resultados de seu rendimento, para que possa assim, formalizar títulos e certificados de graduação acadêmica, que ateste a qualificação do aluno. O aluno, por sua vez, deve cumprir propostas da instituição de ensino para se graduar e receber títulos. Para isso, a instituição disponibiliza sistematicamente o corpo docente para auxiliar o cumprimento dessas propostas institucionais.

Podemos assim afirmar que o desejo do aluno de aprender e receber certificação de seu desempenho acadêmico em sua graduação deve ser intermediado pela função do professor perante a instituição.
Assim como proposto como pressuposto desse ensaio, o desejo do discente é soberano, imperioso e inevitavelmente conduzirá a experiência. 
Abre-se então uma bifurcação de objetivos e objetos: o real aprendizado, que acontece num nível subjetivo e a busca por titulação, o representante material do saber. Esses objetivos não necessariamente estão juntos e na realidade na maioria dos casos estão completamente polarizadas e é justamente quando os dois objetivos não podem seguir juntos que as funções se confundem e desqualificam-se. 
Na real experiência do aprendizado, a influência da instituição deve ser muito pouco atuante, já que esse processo se concentra no encontro entre a disponibilidade de aprender do aluno e a capacidade do professor em dispor o conhecimento a ser aprendido. 
Não me parece absurdo afirmar que quando se pode contar com o desejo pelo real aprendizado, a viabilização de elementos para que a experiência aconteça, será natural. 

Já na tarefa de obtenção de títulos e atestados de graduação, a relação com a instituição segue num processo onde o aluno deve fazer “para a” instituição e “junto com” o professor.

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Prof. Renato Dias Martino 
Psicoterapeuta e Escritor
São José Do Rio Preto - SP
Fone: 17-30113866 
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com

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