sábado, 17 de junho de 2017

QUANTO À PSICOTERAPIA E OS MEDICAMENTOS

O processo da psicoterapia deve partir de um pressuposto no reconhecimento da dor psíquica. Essa percepção é fundamental para motivar o sujeito na busca por aquele que seja capaz de acolher essa demanda e propiciar condições mínimas para que esse processo se desenvolva. Sendo assim, a iniciativa do paciente deve sempre guiar o processo e é o fator de maior importância nessa ordem de experiências.


Por maior que seja a capacidade do psicoterapeuta em acolher a dor do outro, sem a predisposição daquele que sofre, nada se realizará. A psicoterapia só pode ajudar o sujeito que permita que isso ocorra.


Mesmo que o sujeito se predisponha conscientemente ao processo de psicoterapia, ainda assim, inúmeros obstáculos se erguem nesse caminho. Existe um abismo entre estar com fome e conseguir se alimentar. São resistências que se erguem para que a situação continue da mesma forma, por pior que pareça estar. Essas resistências devem diminuir conforme o desenvolvimento da confiança estabelecida na dupla psicoterapeuta/paciente. 
No entanto, é necessária grande bravura para se buscar esse tipo de ajuda. Procurar ajuda psicológica é um ato de coragem. Uma tarefa difícil a de encarar inúmeros preconceitos e críticas, muito comuns às psicoterapias. Ainda assim, a maior parte das pessoas que criticam a psicanálise nunca fez psicoterapia. Uma disposição corriqueira de uma sociedade imediatista, que tende a buscar antes um médico psiquiatra, desacreditando na capacidade do sujeito de superar suas dificuldades emocionais sem precisar de administrações químicas, na maioria das vezes extremamente perigosas.
Administrações que são de fácil adesão, mas que apresentam enorme dificuldade quando a proposta é deixar de utilizá-las. 
Além disso, muitas vezes depois de medicado, o sujeito perde a motivação necessária para a busca de psicoterapia. Isso acontece, pois sua dor deve diminuir drasticamente com a administração dos componentes químicos. Porém, o fato de a dor ter diminuído não implica na elaboração do conflito que originou a dor.
Essa dor se encontra na dimensão emocional e carece de desenvolvimento de recursos mentais para se lidar com ela. A administração química não pode proporcionar o desenvolvimento de recursos emocionais.
Bem, quando existe a possibilidade de dedicação, a psicoterapia serve como recurso para dissolver pensamentos cristalizados, que como ressentimentos persistem na mente causando confusão e dor, obstruindo o caminho do pensar saudável. Essa obstrução do pensar compromete diretamente o desempenho dos vínculos afetivos, que dessa maneira ficam poluídos de ideias não pensadas. 




Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Contato: (17) 991910375
prof.renatodiasmartino@gmail.com

Um comentário:

Unknown disse...

Riquíssimo texto professor Renato , gratidão por nos nutrir com seu acolhimento